domingo, 22 de setembro de 2019

APRENDENDO A DIVIDIR


APRENDENDO A DIVIDIR

cap. XXXI in: Razões para uma vida melhor. Ricardo O. Forni.

Você sabe dividir? Sabe mesmo? Vamos ver. Quanto é quatro dividido por dois? Fácil, não é? E um milhão dividido por vinte? Continua mais ou menos fácil. Um pouco mais de apelo para a memória e teremos o resultado. Quando muito, passamos as mãos na calculadora e eis o resultado de uma forma exata.
Mas a divisão que propomos não é essa tão fácil assim. Falamos de outro cálculo. Suponhamos que num lote, em um pequeno pomar, existam um pé de manga, outro de goiaba e, finalmente, um de caju. Você por acaso, veria o pé de manga tirar do solo mais do que ele precisa para sobreviver?
Você veria as raízes do pé de caju buscar as raízes dos outros dois pés de fruta para arrancar-lhes do solo e ficar sozinho no terreno? Será que, alguma vez, encontraríamos o pé de manga tentando tampar o sol para que os outros vegetais não pudessem se beneficiar da luz do astro-rei? É evidente que não, não é mesmo? Cada planta retira do solo onde vive a quantia exata do que tem necessidade para continuar a viver.
Adiantaria alguém respirar mais profundamente e mais vezes para retirar do ar que respiramos uma quantidade maior de oxigênio do que o vizinho? É claro que não, porque os nossos pulmões só utilizam a quantia exata que consegue cada vez que o ar neles entra.
Emmanuel propõe, em uma página intitulada “Aprendamos a dividir”, os seguintes ensinamentos:
Observemos a natureza.
O Sol divide com a Terra os seus raios de amor, e a Terra lhe entesoura a energia, em favor do progresso das criaturas.
A fonte divide as águas, auxiliando a vegetação que, mais tarde, a protege.
A árvore divide os frutos com os homens e os homens lhe estendem a espécie, através do espaço e do tempo.
As flores dividem o próprio néctar com as abelhas, e as abelhas lhes garantem abençoada fecundação.
Tuas horas e tuas forças, conhecimentos e recursos, quaisquer que sejam, são concessões do Todo-Compassivo em tuas mãos, que pode repartir com o próximo, a benefício de ti mesmo.
Auxiliar alguém é fazer o investimento da verdadeira alegria e toda alegria no exercício do bem é dom de vida e luz que nos aproxima de Deus.
Aprendamos a dividir os depósitos do Senhor, enquanto é hoje, a fim de que o Amparo Divino mais intensamente nos envolva, enriquecendo-nos o Espírito para que venhamos a receber com os outros e pelos outros a nossa perfeita felicidade de amanhã.
Como isso é difícil, não é? Quando se fala em dinheiro, em posses materiais, em posições importantes na sociedade, em títulos de enobrecimento do mundo, como radicalizamos posição e nos defendemos como se fôssemos animais acuados de morte!
Quando Jesus visitava a aldeia de Betânia onde morava Lázaro, o redivivo, retirado do estado de morte aparente (catalepsia) por Jesus, e suas irmãs, Maria e Marta, o Mestre nos fala da importância da aquisição dos bens espirituais e esquecimento dos valores materiais.
Estando ele no interior da casa dos três irmãos, Marta fica preocupada com os afazeres da casa não prestando atenção aos ensinamentos dele. Maria, por sua vez, dedica-se a ouvir Jesus. Marta vendo que a irmã não a auxiliava nos deveres domésticos, interpela o Senhor dizendo: “Senhor, a ti não importa que a minha irmã não me deixe sozinha a fazer o serviço? Dize-lhe, pois, que me ajude.”
Atentemos para a resposta dele: “Marta, Marta, tu te inquietas e te agitas por muitas coisas; no entanto, pouca coisa é necessária, até mesmo uma só. Maria, com efeito, escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.” (Lucas 10:38-42).
Eis aí a advertência de Jesus sobre os valores do mundo, sobre as nossas preocupações com as coisas do mundo.
Estaremos nós, como Marta, preocupados com os valores materiais ou estaremos nos comportando como Maria, que atentava para os ensinamentos de Jesus, sem se preocupar com os afazeres domésticos que podiam esperar?
Quem já viu dinheiro em um caixão no velório? E títulos de propriedade? E cargos importantes, perante os homens, são levados por aqueles que partem?
Francisco de Assis pediu, quando pressentiu a própria desencarnação, que o colocasse nu sobre o solo porque queria partir do mundo exatamente como viera. Sem nada. Somente com os bens incorporados em sua alma grandiosa de tanto doar. Doar até doer, como ensinava Madre Teresa de Calcutá. Quantos homens não passam a vida colecionando valores que serão barrados pela alfândega do túmulo!
É dessa divisão que falávamos no início. Sabemos fazê-la? Nenhuma máquina inventada pela inteligência humana é capaz de realizá-la, porque essa divisão é realizada no interior de cada um de nós.
Dividir nossa alegria com a tristeza alheia para essa tristeza doa menos.
Dividir nosso tempo com a solidão alheia para que essa solidão seja menos doída.
Dividir a alegria de ter um lar com aqueles que jazem esquecidos sobre as sarjetas para que o chão não seja tão frio.
Dividir a saúde do corpo que nos abençoa a existência na Terra com os doentes, para que eles sejam mais sãos na alma.
Essa foi a divisão ensinada e vivenciada por Jesus. Dividir o agasalho que sobra no armário, dividir o alimento que não nos faz falta, dividir o sapato esquecido no criado-mudo são divisões importantes, mas muito fáceis de serem praticadas.
O difícil é dividir-se para que os outros sejam mais, mesmo que nos sobre menos. Mais felizes, menos solitários, menos tristes, menos esquecidos, menos ausentes de nossas vidas.
Você saber fazer essa divisão?

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